sábado, novembro 10, 2007

Basta uns óculos de sol

Pedi a mim mesma para sair do fundo do mar e vir á superfície encher os pulmões. Quando cá cheguei o sol bateu-me abruptamente nos olhos, ofuscando-me e magoando-me. Os olhos ardiam e deitavam lágrimas, a cabeça doía. A luz do dia, tão natural, tão real, magoava-me. A realidade, a normalidade das coisas magoavam-me. No entanto o ar era tão puro e os meus pulmões sentiram-se tão livres que já não voltei lá ao fundo. Saí sem me despedir. Nadei incansavelmente, como se estivesse a fugir. O que irão pensar os peixinhos? Hum… eles têm memória curta, esquecem rápido de mim. Nadei para terra. As milhares de sensações de liberdade invadiram-me o espírito. Como me pude esquecer disto? De tudo isto? Das cores, da alegria, dos sons. No entanto a luminosidade ainda me fere os olhos de vez em quando e me faz chorar, e alguns sons misturados, são tão ferozes nos meus ouvidos, que fazem a cabeça latejar. Tantas viragens, tantos sintomas… mas eu continuo a ser eu, aqui… ou no fundo do mar. Só tenho é de comprar uns óculos de sol.

Sem comentários: