6 anos na mesma escola, 3 anos com praticamente a mesma turma. Agora faltam 3 dias para isso acabar... depois só ir lá fazer os exames. Estou farta daquela escola, farta das mesmas paredes, das mesmas salas, das mesmas cadeiras, das mesmas histórias (que passam de ano para ano, de pessoa para pessoa sempre com uma "vírgula" a mais). Algumas histórias presenciei, e mais tarde as ouvi contadas do avesso, e ri, pois pelo menos nesta escola nao falta imaginação aos alunos. Hoje já me fartam um bocado os boatos, as invenções, os comentários. As histórias já nao me dizem nada, pois são histórias dos mais novos, pessoas que não conheço nem faço intenções de conhecer. Antes sim, era giro. Todos aqueles grandalhões que passavam pelos setores, e cumprimentavam-os com uma mão, enquanto que com a outra seguravam umas substâncias mais duvidosas. Os grupos grandes de rapazes de cor, que olhavam cor um ar sério para nós (os pequenos), mas que logo a seguir nos mandavam um sorriso simpáctico. Intimidavam-me sim... mas mais tarde quando conheci alguns percebi que eram iguais a todos nós. Havia (e há) sempre os "mauzões" que gostam de mostrar poder, e que "fazem e acontecem". Mas os outros... os simpáticos... os com quem me dava e dou, esses sim são iguais, pelo menos a mim. Falam, são divertidos, são amigos, dão conselhos, discutem assuntos... e na hora da porrada estão lá só para marcar presença, só para se alguma coisa "correr para o torto" poderem estar lá para ajudar os amigos, como eles próprios me diziam. Não são nenhuns macacos, nem nenhuns selvagens. A educação muitas vezes não é igual aqui á dos ocidentais, mas têm-na, e sabem ser correctos, só precisam de uma oportunidade. Há sempre aqueles ajuntamentos de raparigas de cor, misturadas com raparigas "brancas" que gostam de falar alto, rir alto e chamar a atenção de todos, mas isso é porque como os machistas dizem "as mulheres são umas galinhas".
Agora penso naquele jardim zoológico (a minha escola). Vou ter saudades da Camila (a ovelha), dos gansos (e das suas mordidelas), dos coelhos, das galinhas, dos perús, dos patos, das perdizes e dos os pavões. Lembro-me de no 7º ano (quando entrei para a escola) uma das setoras nos dizer: "Agora no meio de uma aula, não se ponham a chamar os pavões, a olhar para os coelhos ou para as galinhas. Eles vão aparecer muitas vezes do lado de lá da janela, vai-se tornar normal, portanto não vão interromper as aulas com coisas dessas".
No entanto, houve montes e montes de aulas em que houve alguém que disse "Olha um coelho. Tão lindo!" ou algum professor "Estes pavões, já não posso com eles" ou outra coisa qualquer do género. Nunca mais vou ouvir ninguém, a meio de um teste, aos berros a mandar calar o pavão que estava lá fora a "pavoar" para uma "pavoa", porque era a época de acasalamento. Nem nunca mais vou ver nenhuma setora nem nenhuma aluna aos saltos a fugir dos gansos. Nem nunca mais vou ver a minha setora de TOE no meio da aula a chamar os gansos e os pavões: "Ó fofinho anda cá, tão lindo, anda cá á tia Lisete". Nem nunca mais vou andar a correr atrás de um coelho com o Diogo. Nem nunca mais vou ver ninguém sujar as calças porque se sentou num banco onde um pavão tinha feito necessidades. Nem nunca mais vou ver nenhum miúdo do 7º ou 8º a puchar o rabo (cauda enorme) á Camila (para quem já não se lembra é a ovelha).
Estou farta, farta, farta... mas com o coração apertado, pois vou ter saudades do "jardim zoológico" onde estudei durante 6 anos.